Amores Imperfeitos XXII ( ♫♫ )

O meu desafio é andar sozinho
Esperar no tempo os nossos destinos
Não olhar pra trás, esperar a paz
O que me traz
A ausência do seu olhar

Traz nas asas um novo dia
Me ensina a caminhar
Mesmo eu sendo menino, aprendi

Oh, meu Deus, me traz de volta essa menina
Porque tudo que eu tenho é o seu amor
João de Barro, eu te entendo agora
Por favor, me ensine como guardar meu amor

O meu desafio é andar sozinho
Esperar no tempo os nossos destinos
Não olhar pra trás, esperar a paz
O que me traz
A ausência do seu olhar

Traz nas asas um novo dia
Me ensina a caminhar
Mesmo eu sendo menino, aprendi

Oh, meu Deus, me traz de volta essa menina
Porque tudo que eu tenho é o seu amor
João de Barro, eu te entendo agora
Por favor, me ensine como guardar meu amor
Meu amor

(João de Barro – Maria Gadú)

Cegueira Opcional II

No desenho da vida

Cada um enxerga o que quer...

Por mais que você queira

Abrir os olhos do outro,

De nada adiantará

Se ele não quiser ver...

Isso só vai te causar stress.

Pode-se deixar aqui escrito,

Mas, cada um deve procurar

Para ter outra visão do mundo,

Ver a vida por outro ângulo...

De nada adianta

Escrever cinco linhas,

Ou duzentas páginas,

Se não houver ninguém

Com interesse de saber

O que está escrito...

E tentar descobrir os segredos

Escondidos nas entrelinhas...

Cada caso é só um caso.

E no meu caso, é só descaso.

Um Estranho no Paraíso IV

Passo os meus dias

Procurando por algo

Que ainda não sei...

É uma pureza

Que não sei onde está...

Uma bondade sem tamanho...

Um amor sem interesses...

Um perdão sem ressentimentos...

Um respeito sob quaisquer

Diferenças de opinião,

Raça, credo, cor, nível social...

Uma compaixão com o próximo

Sem olhar quem é...

Uma coragem de seguir em frente

Sem importar-se com

O que os outros vão pensar...

Uma força pra seguir

Seus sonhos até conquistá-los...

E, uma paz de espírito

Que possa acalmar

Meu peito machucado

Pelas maldades

Praticadas pela natureza humana...

Delírios

Momentos de loucura...

Movimentos insanos...

Sorrisos espontâneos...

Olhos brilhando...

Sonhando acordado...

Beijos e abraços...

Mordidas e amassos...

Cantando no chuveiro...

Dançando na chuva...

Andando de mãos dadas...

Dormindo abraçado...

Eu tento manter o ritmo...

Mas, você me tira do compasso...

No final de cada dia, volto correndo...

Eu só penso em te encontrar...

A cada amanhecer

Ao teu lado,

Eu não quero sair da cama...

Teu gosto,

Teu cheiro,

Não querem sair de mim...

E nem quero que saiam...

Paixão quente,

O amor da gente...

Lá se foi o meu juízo...

Agora tudo faz sentido. 

Revelações IV - Parte do Sistema

Às vezes, a gente passa

Tanto tempo procurando respostas...

Há quem passe a vida toda

Sem encontrá-las...

Mas, a verdade é que

A maioria das pessoas

Não sabe o que procura...

Por isso não percebe

Quando encontra,

E passa direto...

Dias e noites pensando,

Sonhando, querendo, buscando...

Sem saber... Onde (?), e quando (?),

Por que (?), e como (?)...

Se o que faço

É porque gosto (?)...

Se é isso que eu quero (?)...

Se é disso que eu preciso (?)...

Ou se é o que querem que eu queira (?)...

Se esse sonho é meu (?)...

Ou se sonharam ele pra mim (?)...

Me oprimem em pensamentos próprios...

Me impõem gostos e vontades

Que eu não tenho...

E essa vida sem sentido

É a única que me deixam viver.

Foi isso que escolheram pra mim.

Sou José Ninguém da Silva, brasileiro,

No dia de ir às urnas.

Mas, no restante do tempo

Apenas Zé-Ninguém.

Uma Vida Vazia

Você não pode viver

Uma vida dupla.

Numa via de mão dupla.

Um caso.

Dois casos.

Descaso.

Nenhuma casa.

Nenhum coração.

Dupla solidão.

Cama ocupada.

Vida vazia.

Nada te completa.

Nada te satisfaz.

Sangue que corre nas veias.

Coração que bate.

Falsa satisfação.

Falsa felicidade.

Mentiras.

E mais mentiras.

Teu passado é um absurdo.

Teu futuro é imperfeito.

Troca as pessoas,

Os pronomes, os sujeitos...

Confunde as letras,

Erra a posição.

Um dia tu te entregas.

E vais ficar no chão.

Todos vão te olhar com desprezo.

Ninguém lhe dará a mão.

Dessa vez ficará só,

Só nos braços da solidão.

Amores Imperfeitos XXI ( ♫♫ )

Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

(Todo O Amor Que Houver Nessa Vida – Cazuza)

A Vida Vazia da Princesa IV

Perdeu-se eu seu caminho

Mais uma vez...

E com a cesta de doces

Foi encontrar-se com o lobo...

Esqueceu o mal passado,

E voltou aos caminhos sombrios...

Não sei se tinha medo

Nem quais eram...

Medo da solidão, talvez,

Ou se havia cansado

Da vida pacata e controlada

Que levava nos últimos tempos...

Apenas, sabe-se que

Da noite para o dia,

Tudo ela resolveu mudar...

Virou tudo do avesso,

Mais uma vez...

Deixando todos a sua volta, atônitos...

De mãos dadas com o lobo

Foi vista certa vez...

Final de semana na praia,

Voltou só com a areia

Do castelo de ilusões...

Encontros e desencontros...

Acertos e desacertos...

Fatos, fotos, lágrimas, músicas tristes...

Pelo caminho escuro ela volta

De mãos dadas com a solidão...

E as honras, por um fio...

Túnel do Tempo

Queria saber onde estou...

Que universo é esse

Onde me perdi?

Onde me meti?

Que eu criei?

Onde é a saída?

Onde eu aperto pra parar?

Será que perdi o tempo?

Será que perdi a direção?

Pra onde sopra o vento?

Que gosto tem a solidão?

O tempo vai passando...

Adolescência, juventude, vida adulta...

Mas, as crises continuam...

Os sentimentos, a confusão,

As dúvidas, a emoção...

Lembranças e sonhos

Se fundem e confundem...

Sonhos futuros, vidas passadas

Na ampulheta do tempo...

O tempo contando, contado.

Sistema acelerado,

Memórias embaçadas...

De repente

A vida ficou corrida demais...

Universo Masculino IV - Tentação e Agonia

Ela desperta a minha libido

Com aquele olhar sexy

Por cima dos óculos

Com ar de professora.

O que será

Que ela quer me ensinar?

Ou será que quer

Me disciplinar...

Ela invade meu espaço

E me despe com um sorriso

Que me instiga

A me deixar levar

Suas mãos ágeis

Sabem bem o que fazem

E seus lábios atraem

Meus desejos mais primitivos

Sua língua me toca

Sua boca me encontra

Marcas de batom vermelho

Minha agonia e meu prazer
Misturam-se

E ela se diverte

Ao me ver assim

Completamente,

Em suas mãos

Entre seus lábios encontra-se

Minha chave de controle

Ela tem o poder absoluto

Ela está no comando

E ela sabe disso tudo

E eu gosto de ver tudo isso

Na sua boca

Perco meu juízo

Encontro meu inferno e paraíso

Ela aumenta a pressão

Acelera o compasso

Aumenta também a intensidade

Dos meus espasmos

Fico a ponto de explodir

Ela percebe,

E pára por alguns segundos

Dá aquele sorriso sacana

E continua

Eu enlouqueço de vez

Já não agüento mais

Respiro, suspiro, me contraio

Grito seu nome

Ao tocar o céu

Me derreto em sua boca

Meu sufoco, e meu prazer

Meu corpo agora flutua

Ela sabe que tem o poder

E ela usa com sabedoria

Me sinto deitado nas nuvens,

Saciado, e em paz...

Depois do Fim

Um dia você compreende

Que somos todos mortais...

Mais dia, menos dia,

A hora chega.

E vai chegar pra todos.

Ninguém escapa afinal.

Tomada consciência disso,

Vai chegar o dia

Em que você vai ver-se

Morrer dia após dia...

Minuto a minuto...

Então, você resolve mudar

Sua maneira de olhar

A vida, o mundo, as pessoas...

E começa a dar importância

Às coisas que antes pareciam

Insignificantes...

O maior erro do ser humano

É querer dar valor

Ao que se está perdendo...

Ou, quando não se tem mais.